Há quem queira filhos de Galgo
2016-02-25, Sabotage ClubA banda lisboeta foi acarinhada por uma legião de fãs e/ou amigos da banda grande o suficiente para encher o Sabotage, em Lisboa.
Na quinta-feira passada, dia 25 de fevereiro, havia uma enchente de pessoas que se sentaram no chão virados para o palco, ajeitados para gritar pelos Galgo, para entoar riffs e referir aos membros da banda pelo nome (pedindo filhos, naturalmente).
É oficial: os Galgo já não são um segredo recôndito da cena portuguesa. Naquela noite, aqueles jovens lisboetas que fundem com mestria o post-rock e math rock foram acarinhados por uma legião de fãs e/ou amigos da banda grande o suficiente para encher o Sabotage, em Lisboa.
Quem abriu as festividades foi Jasmim, projecto liderado por Martim, dos Mighty Sands. Consigo trouxe uma guitarra teardrop nas mãos que o acompanhou durante toda a actuação. Em palco fez-se também acompanhar por flauta transversal, synths, bateria e ocasionalmente algo que parecia ser uma saz personalizada. Juntos invocaram uma espécie de híbrido psych folk/pop rock indígena que transporta os vocais monocórdicos e aluados de Martim numa viagem catártica por campos floridos.
Porém, nos seus momentos mais lúcidos, Jasmim apresentou algumas pérolas mais reluzentes, que deixam a pensar o que poderá sair de um trabalho de estúdio. Esperemos não ter de ficar a imaginar durante muito mais tempo.
Os Galgo entraram pouco depois. Não que desse para ver a sua entrada em palco, mas felizmente os fãs que vieram de propósito para os ver anunciaram a sua chegada com devidos assobios.
Remetem para a os níveis debaixo de água de Sonic.
Começaram sem rodeios com “Torre de Babel”, a faixa que fecha o “EP5”, e que demonstra perfeitamente o engenho da banda. Bem ensaiados, conseguem facilmente alternar entre build-ups vagarosos e momentos de velocidade extrema.
De certa forma, músicas como “Monte Real” e “Trauma de Lagartixa”, que vieram logo de seguida, remetem para a os níveis debaixo de água de Sonic. Quando a personagem começa a ficar sem ar, ouvimos a música a acelerar enquanto o coração aperta em ansiedade à procura de uma bolha de oxigénio. Sente-se a adrenalina a acumular até ao último segundo, em que surge uma bolha do nada fazendo com que a música volte a abrandar bruscamente.
Os Galgo estão com fome de palco
O resto do alinhamento parecia ser material inédito. Sinal que os Galgo podem estar ocupados em estúdio. A receita parece não divergir muito: malhas dançáveis e coreografadas entre guitarra, baixo e synth.
A reacção do público às novas músicas pareceu positiva, mas não tão positiva como a da própria banda a tocá-las. «A próxima é para partir esta merda toda», garantiu o vocalista antes da última música. Extáticos, acabaram o concerto quase caídos no chão.
Sai-se de lá com um sorrisinho na cara. Os Galgo estão com fome de palco, e parece que estão preparados para comê-los a todos.