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MEO Kalorama 2022: A Disco de Jessie Ware e a Solarenga Alice Phoebe Lou

MEO Kalorama 2022: A Disco de Jessie Ware e a Solarenga Alice Phoebe Lou

2022-09-02, MEO Kalorama
Miguel Grazina Barros
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No dia em que os Arctic Monkeys foram cabeça de cartaz, os concertos de Jessie Ware e Alice Phoebe Lou arrastaram uma multidão aos palcos secundários do MEO Kalorama.

O segundo dia do novo festival lisboeta MEO Kalorama ficou marcado pela enchente que os Arctic Monkeys arrastaram ao Parque da Bela Vista. No único dia esgotado, o funk da inglesa Jessie Ware e o folk luminoso da sul-africana Alice Phoebe Lou provaram a sua relevância no panorama da música contemporânea – muitos dos espectadores vieram propositadamente para assistir ao concerto das artistas. Pelas 20h no palco COLINA, Jessie Ware subiu ao palco acompanhada de um quarteto de cantores e dançarinos. Ainda com o sol a pairar sobre a grande multidão que a ansiava, a cantora proporcionou um concerto agradável, embora curto.

Visivelmente impressionada com Portugal, a artista de 37 anos cantou apenas durante 45 minutos sustentada por backing-tracks e um espectáculo de dança. “What’s Your Pleasure?” é o álbum mais recente da artista, lançado em 2020 e que constituiu maior parte do alinhamento – “Spotlight” (a entrada triunfante que deixou toda a gente a dançar de imediato), “Ooh La La”, “Remember Where You Are”, “Soul Control”, “Step Into My Life”, “What’s Your Pleasure?” e a canção de encerramento “Save a Kiss”. Se Jessie Ware é uma das caras da música pop, soul e disco contemporânea, as claras influências à soul dos anos 90 não se escondem – principalmente no novo álbum. Uma bola de espelhos não podia faltar no palco, adereço que estabelece de imediato as intenções da inglesa – transformar o palco secundário do Kalorama numa gigante disco ao ar livre.

Claramente bem recebida pelos assíduos espectadores – muitos cartazes com mensagens dirigidas à cantora – ninguém pode afirmar que a sua presença em palco foi acanhada. No entanto, foi altamente prejudicada pelo problema dos graves que abafaram a sua voz brilhante – não havia necessidade de exagerar tanto nessas frequências, especialmente quando Ware não se fez acompanhar de uma banda ao vivo. Ao mesmo tempo no palco FUTURA, o outro palco secundário do MEO Kalorama, uma outra estrela competia com Ware numa corrida inesperada que confirmou que Alice Phoebe Lou foi a artista revelação da noite.

Uma multidão intimidante dificultava a visão do palco FUTURA perante o concerto de Alice Phoebe Lou. A cantora que conta com quatro álbuns e três EP’s na sua discografia provou estar à altura de uma noite esgotada – merecia no entanto, um palco substancialmente maior. Durante uma hora de concerto, Alice fez-se acompanhar em palco por um guitarrista, um teclista, um baterista e um baixista e a sua poderosa voz. A boa energia permaneceu durante todo o concerto, onde o folk e o indie-rock se fundem com grande leveza e habilidade. A artista ilumina o palco como um raio de sol que, por esta altura, já se ameaçava desaparecer. O baixo sempre groovy sustenta a voz transparente e limpa – “Mother’s Eyes”, a balada que de balada convencional tem pouco, foi um momento caloroso.

Vocês têm os melhores festivais e a melhor energia.

“Dusk” aproxima-a a uma versão mais radiofónica de Connan Mockasin, sempre divertida e sorridente em palco, Lou não não tem medo de brincar com os arranjos originais das canções em palco, e o público deixa-se levar completamente pela flexibilidade das suas canções. “Lover / / Over the Moon” é retirada de um dos álbuns mais recentes de 2021 “Glow”, cantada com uma sensibilidade incrível e merecendo-lhe fortes aplausos. Agradece por entre canções e mostra-se bastante contente pela oportunidade – “Vocês têm os melhores festivais e a melhor energia”. – afirmou comovida, assegurando perante o público nunca se ter sentido daquela forma.

Se a grandeza de Alice Phoebe Lou quase não coube na dimensão do placo FUTURA, uns ecrãs laterais com transmissão de câmara ao vivo poderiam enaltecer o concerto da melhor maneira. No entanto, o palco secundário é desprovido de tais ecrãs, dificultando a visão aos espectadores mais para trás. “Dirty Mouth” e “Child’s Play” precederam “Witches”, o hit que não poderia faltar e que encerrou o concerto da melhor maneira e deixando um sorriso na cara de cada espectador.