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MEO Kalorama 2022: A Magnética Róisín Murphy

MEO Kalorama 2022: A Magnética Róisín Murphy

2022-09-02, MEO Kalorama, Lisboa
Miguel Grazina Barros
Inês Barrau
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A segunda noite do MEO Kalorama trouxe a disco ao palco Colina – e a “rainha” irlandesa continua a provocar furor entre o público.

No segundo dia do novo festival MEO Kalorama, Róisín Murphy subiu ao palco COLINA com toda a sua elegância habitual e carácter. Com um alinhamento recheado de temas dos Moloko, foi impossível assistir à sua performance sem bater o pé. Enquanto o concerto morno dos Blossoms era projectado nos ecrãs do palco secundário do festival, uma multidão ansiava pelas batidas groovy sustentadas pelo baixo funky a que a rainha da disco nos habituou. O que se seguiu foi um concerto envolvente, dançável e único proporcionado por uma verdadeira “show-woman” excepcional.

Com 49 anos, a voz dos Moloko invadiu o palco ao som de “Something More”, retirado do mais recente álbum de 2020 “Róisín Machine”. Quatro músicos ocuparam a sua posição num crescendo que estabeleceu de imediato o ambiente da performance. Funk, soul e R&B é a receita predileta de Murphy que evidencia que a disco ainda não morreu – nem a sua energia contagiante, que ao fim de tantos anos se transforma com uma classe que poucos conseguem equiparar. A sua música não é nada de novo, mas isso não é sinal de “irrelevância”, pois toda a sua persona consegue superar os longos instrumentais progressivos assentes no bombo e no baixo.

A sua voz ligeiramente áspera cheia de alma é inconfundível, e seria o suficiente para agarrar os menos atentos – mas Murphy tem outros trunfos dos quais rapidamente não se inibe em utilizar.

A sua voz ligeiramente áspera cheia de alma é inconfundível, e seria o suficiente para agarrar os menos atentos – mas Murphy tem outros trunfos dos quais rapidamente não se inibe em utilizar. A cantora troca entre canções de roupa com cores vibrantes (roxo, verde, cor de rosa) e perucas vistosas – ainda completa com óculos de sol a condizer.

É um verdadeiro espectáculo de cores, luzes e baixos cativantes que proporcionam um concerto bem disposto liderado por uma personalidade inigualável. Sem recorrer a “drops” e “buildups” acentuados, a cantora conduz um concerto crescente que passa por “The Time Is Now” – altamente impulsionada por uma plateia participativa – “Overpowered” – com a sua linha de baixo ácida e sintetizadores envoltos em delay – “Sing It Back” – tema dos Moloko que encontra a artista em palco coberta com vistosas roupas vermelhas e balanceando-se no palco com um olhar perfurante. Vestida com roupa prateada e brilhante, Murphy é a estrela do palco Colina, uma verdadeira bola de espelhos que mantém o legado da música disco e a mantém relevante no panorama musical contemporâneo.