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MEO Kalorama 2022: Chet Faker Não Chegou a Todos

MEO Kalorama 2022: Chet Faker Não Chegou a Todos

2022-09-03, MEO Kalorama
Miguel Grazina Barros
Inês Barrau
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Coube a Chet Faker a difícil tarefa de fechar o palco Colina da primeira edição do festival MEO Kalorama.

Depois do efusivo concerto de Nick Cave, Nick Murphy aka Chet Faker teve a difícil tarefa de encerrar os concertos no palco COLINA – um dos palco secundários – da primeira edição do festival lisboeta MEO Kalorama. Uma verdadeira potência do indie Soul/R&B, mas sempre com compassos que convidam à dança, Chet Faker é homónimo de um belo pôr do sol de verão.

Com concerto marcado às 23h15, o australiano beneficiaria se fosse encaixado no alinhamento do festival um pouco mais cedo – o concerto tardou a começar, depois de 2h intensas com Nick Cave. Batidas cativantes, samples vocais manipuladas e uma guitarra na mão – Chet Faker não necessita de viajar com uma banda de apoio, um verdadeiro one-man show que não carece de elementos em palco.

Uma multidão que subiu do palco MEO após o concerto de Nick Cave estabeleceu-se perante o palco COLINA, ansiosa por experienciar algo semelhante a um “after-hours”. A energia era palpável e as expectativas altas – afinal, o festival estava a chegar ao fim. O setting estava delimitado, e a ânsia por dançar não deixou ninguém estático. Um burburinho constante marcou quase todo o concerto de Chet Faker, que claramente não satisfez as necessidades de todos os membros do público.

Um burburinho constante marcou quase todo o concerto de Chet Faker, que claramente não satisfez as necessidades de todos os membros do público. Ainda assim, era claro o entusiasmo dos fãs que marcaram presença nas filas da frente.

Ainda assim, era claro o entusiasmo dos fãs que marcaram presença nas filas da frente. Apenas um homem em palco acompanhado das suas “máquinas” – backing-tracks disparadas, uma voz bem colocada, uma MPC que continha algumas samples, um sintetizador e uma guitarra eléctrica foram a “banda” de eleição de Faker.

O problema do som pode ter sido um factor crucial da falta de aderência do público – apesar do festival contar apenas com três dias de existência, o palco COLINA já ganhou uma reputação negativa em termos de som (salvaguarda-se o concerto impecável dos Kraftwerk no primeiro dia). Os graves acentuados exageradamente implicam a que o resto das frequências sonoras não tenham espaço para respirar, e na electrónica delicada de Chet Faker esse factor prejudicou a percepção das canções ao vivo.

“Get High” foi a canção de abertura, retirada do álbum de 2021 “Hotel Surrender” – de notar a linha de baixo incrivelmente groovy. “The Trouble With Us” e “I’m Into You” foram outros êxitos obrigatórios no alinhamento. Um dos momentos mais cativantes durante toda a performance foi o cover de “No Diggity”, original dos Blackstreet que assumiu uma outra forma mais groovy e cheia de soul – o público acompanha a plenos pulmões, não há ninguém que resista a esta canção. Ainda houve tempo para estrear uma canção nova “It Could Be Nice” antes de encerrar com “Talk Is Cheap”, um dos maiores sucessos do artista. Foi um concerto sem nenhuma falha evidente por parte de Chet Faker, mas todo o contexto não ajudou a ser memorável.