Quantcast

Optimus Primavera Sound – 3º dia de reportagem

Inês Barrau

Por Nélio Matos | Fotos Eduardo Costa

Última noite de Primavera pelo Parque da Cidade, com chuva, mas com uma assistência a rondar as 24 000 pessoas, números da organização.

Para hoje, apenas alguns concertos pela Casa da Música e pelo Hard Club, com entradas limitadas à lotação das salas. Mas, para o ano há mais Primavera pelo Porto, a confirmação da continuidade do festival foi dada em conferência de imprensa durante a tarde de ontem.

The Weekend [Palco 4; 22:00]
A actuação de The Weeknd foi boa, mas não foi demolidora, nem genial, contrariamente às expectativas que tínhamos criado.

Mas antes de falar do concerto propriamente dito, é importante explicar que banda é esta. The Weeknd é o nome do projecto de Abel Tesfaye, jovem cantor e produtor canadiano, que começou a ganhar fama no final de 2010, altura em que carregou vídeos de músicas suas no youtube sob o nome The Weeknd.

Posteriormente, em Março de 2011, lançou, de forma independente e gratuita, o seu primeiro álbum/mixtape na internet, intitulado House of Ballons, que, muito justamente, recebeu a aclamação da crítica.

The Weeknd já conta com três discos lançados, todos gratuitos e sem editoras à mistura. Da trilogia de álbuns, House of Ballons é sem dúvida o melhor e o mais interessante e o público do Primavera também mostrou ser dessa opinião – todas as músicas desse álbum foram recebidas com euforia, ao contrário das músicas da última mixtape, Echoes of Silence, que foram as que tiveram uma recepção menos calorosa.

Abel Tesfay, e acompanhado pela sua banda, começou bem e de forma aguerrida a sua actuação ao som de High for This, faixa de abertura de House of Ballons, mas em seguida interpretou algumas músicas menos atractivas e o concerto perdeu intensidade, embora o canadiano tenha sempre puxado pelo público com apelos à audiência para gritarem e para pularem.E quando surgiram os primeiros acordes de “The Knowing”, o público acedeu aos seus pedidos e a euforia chegou com o excelente solo dado pelo guitarrista, que deu uma roupagem mais rock à música da banda, que normalmente vai mais para o campo do R&B. Seguiram-se “The Morning” e “House of Ballons” e finalizou a sua actuação com a genial “Wicked Games” que prolongou ao máximo, mostrando a sua voz, que é do outro mundo – conseguimos, por vezes, ouvir Michael Jackson na voz de Abel?… Pena a música “Wicked Games” não ter sido acompanhada com guitarra acústica – foi-o com guitarra eléctrica -, porque a balada fica muito mais intensa ao som deste instrumento.

 

Kings of Convenience [Palco Optimus; 23:15]

 

O duo norueguês Kings of Convenience apresentou-se em Portugal com banda de suporte, mas a actuação começou no registo normal, apenas Erik Glambek Bøe e Erlend Øye e as suas guitarras acústicas em palco.

Teria sido um excelente concerto para um de fim de tarde solarenga, mas o cenário era de noite chuvosa. Felizmente, na altura do concerto dos noruegueses, a chuva parou, e Erik brincou com a situação dizendo que tinha feito alguns telefonemas para não chovesse.

A actuação do duo ia, como de costume, entre dedilhados de guitarra acústica e duas vozes a cantar baixinho, mas o vento trouxe o som do palco ATP até aos Kings of Convenience, situação que incomodou a banda.

Erlend Øye fez um compasso de espera e inicalmente brincou com a situação, mas rapidamente mostrou sinais de incómodo por aquilo que se estava a passar e quase que chegou à irritação.Resolveu a situação quando anunciou que não iam cantar a música que estava planeada porque era muita calma e cantavam outra e, imediatamente, começou “I Don’t Know What I Can Save You From”, a que o público reagiu fervorosamente, ficando o som do palco ATP abafado.De seguida tocaram mais um dos seus sucessos, “Failure”, e depois

“Homesick”, que foi dedicada a quem está numa cidade estranha fora do seu país.

Seguiu-se “Mrs. Cold” e 40 minutos depois do início do concerto entrou em palco a banda de suporte, composta por um baterista, um baixista e um guitarrista. A curiosidade para perceber que roupagem ganhavam as músicas dos noruegueses era grande e a ver pela reacção do público este formato não desiludiu. A actuação ganhou mais energia e electricidade. Mas na nossa opinião também não trouxe nada de espectacularmente novo ou de diferente, trouxe “apenas” músicas mais arranjadas e que foram prolongadas ao máximo.

“Misread” foi a primeira música em formato de quinteto, seguiu-se-lhe “Toxic Girl”, o público delirou e Erlend Øye, ao seu estilo de entertainer, ia dançando e comunicando com os espectadores. Em seguida “Boat Behind” e o público entoou a música. A fechar “I’d Rather Dance With You” com violino e dança desengonçada de Øye.

Os Kings of Convenience voltaram ainda a palco para um encore, com direito a receber a bandeira de Portugal, enviada para cima do palco pelo público. E mais uma vez o duo de Bergen mostrou ser um fenómeno de popularidade em Portugal.

 

Washed Out [Palco 4; 01:00]

 

Antes dos The XX espreitámos a actuação dos Washed Out, no palco 4. O norte-americano Ernest Greene, acompanhado por banda de suporte, veio até ao Primavera para mostrar o seu brilhante álbum de estreia, “Within And Without” – que permitam-nos a opinião, tem umas das capas de disco mais bonitas dos últimos anos. Os sons pop dançáveis animaram a tenda do palco 4, mas não pudemos ficar até ao final do concerto porque a banda que se seguia eram os The xx.

The xx [Palco Optimus; 01:50]

Com apenas um disco de originais, “xx”, de 2009, e com a promessa de

lançamento do segundo álbum, “Coexist”, em Setembro deste ano, os londrinos The xx são um dos maiores fenómenos de popularidade da música alternativa.

A legião de seguidores tem aumentado com o decorrer do tempo e isso ficou demonstrado ontem à noite, no palco Optimus, que teve a sua maior enchente do festival para receber a banda.Estávamos ansiosos por ver os londrinos, por ouvir o que têm andado a fazer em estúdio e também queríamos verificar o amadurecimento da banda em palco, que continua igual a si mesma; calma, tímida e com a sua negrura habitual.

Algo assustados com tanta gritaria vinda do público, a banda começou a sua actuação e foi-se denotando um maior à vontade na comunicação com o público ao longo da actuação. Embora jovem, a banda já tem alguns quilómetros de estrada e terá certamente uma confiança maior do que aquela que tinha há dois anos – pensamos.

O ambiente cénico do palco, para além do já habitual duplo x, que alberga a maquinaria de Jamie xx, tinha, também, um x gigante no seu fundo que foi ganhando diferentes faces, originadas pelo jogo de luzes. No geral, as luzes também mostraram evolução, embora a negrura continue a ter primazia. As imagens que eram vistas nos ecrãs gigantes, nos dois lados do palco, mostraram sempre  a banda a preto e branco.

As músicas antigas mostraram novos arranjos que lhes trouxeram outra intesidade. Jamie xx aumentou a sua participação nas percussões mas continua a brincar com os samplers. As linhas de baixo de Oliver Sim estão mais fortes e a guitarra de Romy Madley Croft continua limpa e cativante e a conjugação das vozes de Oliver e Romy continua em simbiose perfeita.

Ouvimos  “Heart Skipped A Beat”, “Basic space”, “Infinity”, “VCR”, “Crystalised”, “Shelter”, “Night time”, “Intro”. Pelo meio destas músicas foram surgindo as que iremos conhecer em Setembro. As novas músicas surgem no mesmo registo, mas a linha de baixo está mais forte e existem mais percussões e samples. Esperamos por Setembro para conhecer o novo “Coexist”, mas ficámos de alma cheia com esta actuação dos The xx.