O álbum mágico criado por Ozzy Osbourne e Randy Rhoads, a meio de uma tempestade perfeita, que resgatou, na época, o frontman dos Black Sabbath e revolucionou a estética da guitarra eléctrica.
O sucesso da carreira do Ozzy não tem qualquer segredo, foi voz para as guitarras de Iommi, Randy Rhoads, Jack E. Lee e Zakk Wylde (podia acrescentar-se Brad Gillis, Gus G, etc). Randy Rhoads e Zakk Wylde foram quase tão significativos para a evolução da guitarra eléctrica e da música como Iommi.
Com Randy, Ozzy criou esse extraordinário álbum que é o seu primeiro disco a solo. Esteve quase para ser um disco dos Blizzard Of Ozz, mas acabou por ser o título do álbum, com Ozzy a chamar a si todo o protagonismo. Todo? Bom…
A morte súbita de Randy Rhoads, com apenas 25 anos de idade, não privou apenas Ozzy Osbourne daquele que é por muitos considerado o melhor guitarrista com que tocou ao longo da sua carreira, mas também dum dos mais inovadores nomes da história da guitarra eléctrica – e um dos principais responsáveis pela fusão do mundo electrificado do blues, que pontificava no universo do rock, com o mundo da música clássica, com as progressões melódicas da guitarra clássica.
Basta pensar neste que é o seu álbum quintessencial e em temas como “Mr. Crowley”, com solos que ainda hoje são lições da força emocional que a guitarra pode atingir, “Crazy Train”, em que a prestação do guitarrista é uma tempestade, ou no enorme groove de “I Don’t Know”, “Suicide Solution” e de, acrescentada de boogie, “No Bone Movies”. No álbum, tudo funcionou sob um desígnio maior. Bob Daisley (baixo), Lee Kerslake (bateria) e Randy Rhoads estavam numa encruzilhada nas suas carreiras e a junção dos quatro criou um fenómeno que dura até hoje. Contudo, o centro era Randy.
A amplificação foi o famoso Marshall 1959 SLP, contando com o auxílio de um MXR M-104 Distortion +. O álbum e Randy tornaram ainda famosos modelos de guitarras como a Les Paul Custom de 1974, modelo que o guitarrista usou durante toda a sua carreira em estúdio e ao vivo; a Karl Sandoval Flying V (com as bolinhas) que era uma mistura entre componentes Gibson e Fender, construída para si pelo luthier Karl Sandoval e por isso mesmo a sua guitarra favorita.
E, claro, as Jackson – com os modelos Black Rhoads de ponte fixa e a White “Concorde”, a alcunha que deu à versão branca do seu modelo de assinatura, estas Flying V inovaram no design, com as pontas assimétricas, com a “asa” de baixo mais curta e, tal como sucedia com a Karl Sandoval, a junção entre o braço e o corpo era em neck-thru em vez de bolt-on. A versão Black Rhoads possuía ponte fixa, enquanto a White “Concorde” tinha vibrato.
Ao fim de quatro décadas, só “No More Tears” (o segundo álbum com Zakk Wylde) consegue ombrear com este disco na discografia de Ozzy. Cada vez que o ouvimos, o vendaval de solos, o som inimitável de guitarra e a dimensão épica dos riffs, cria uma enorme saudade e tristeza pela partida tão prematura de Randy, esse príncipe que, no seu zénite musical acabou por resgatar Ozzy da auto-destruição.