Slowdive, a feitura do círculo

Na noite do post e do shoegaze, o concerto da tour de reunião dos Slowdive foi absolutamente tudo aquilo que se esperava que fosse.

Abriram de modo absolutamente apropriado, com “Slowdive”, e desde as primeiras notas sentiu-se a genuinidade de sentimentos da banda com esta reunião, após 20 anos. A doce Rachel Goswell não perdeu o sorriso durante um segundo. Neil Halstead apresenta por estes dias um ar bonacheirão, sociável. Poderá ser especulação mas, a partir de “Catch The Breeze”, a banda terá passado a estar com melhor definição de som em palco, pois o entrosamento dinâmico com as massas densas de efeitos que os músicos usam passou a ser mais firme.

Mestres na criação de tensões sonoras, foram sustendo uma verdadeira explosão de volume até ao final do concerto. Explosão que sucedeu numa versão mais musculada de “Golden Hair”.

Possivelmente mais confiante, a banda, uma vez colocado o público em cativeiro hipnótico, decidiu arrasar com “Machine Gun” e “Souvlaki Space Station”, do segundo e axiomático álbum, de 1993. Soube-se ali que, por mais que se esforçassem a seguir (e esforçaram), Mogwai ou Godspeed You! Black Emperor seriam somente sequazes, fariam apenas o som de discípulos. Curiosamente, o círculo aberto por bandas como Slowdive ou My Bloody Valentine, nunca terá tido o devido reconhecimento pela crítica. No entanto, e percebendo a actualidade e pertinência dos Slowdive, esse círculo está agora completo.

Mestres na criação de tensões sonoras, foram sustendo uma verdadeira explosão de volume até ao final do concerto. Explosão que sucedeu numa versão mais musculada de “Golden Hair”. Não será difícil de acreditar que este concerto perdurará na memória daqueles que o esperaram tanto tempo ou na dos que ouviram as notas etéreas dos Slowdive pela primeira vez.

Fotos: Nos Primavera Sound | Hugo Lima