Steve Vai
2012-12-12, Aula Magna, Lisboa“Gravity Storm” e “Velorum” abriram o concerto e podiam fazer prever uma noite essencialmente centrada em “The Story Of Light”, o último e bom trabalho de STEVE VAI. Não é nenhum “Passion And Warfare”, é certo, e o próprio guitarrista parece perceber que foi no longínquo ano de 1990 que conseguiu fazer realmente alquimia, como acaba por provar o setlist em que esse álbum continua a ser o mais representado.
É normal num cenário em que a guitarra de VAI é o elemento central do concerto haver uma certa sobreposição na mistura de som desse mesmo elemento, mas o excesso desse factor no som a abrir o concerto mutilou o peso de um tema como “Velorum”. “Building Church” e “Tender Surrender” antecederam mais um tema do novo álbum, “Gravity Storm”. Foi, então na primeira saída de Vai de palco, altura do primeiro “solo” com DAVE WEINER a ficar com o palco só para si. Isso deu oportunidade ao técnico de som de trabalhar melhor os erros que haviam pontuado o som, além do excesso da guitarra de VAI, a sala estava carregada de médios/altos e o baixo de PHILIP BYONE surgia estrangulado.
Regresso do “patrão” e agora sim, o som surgia equilibrado. Óptimo timing, pois “Weeping China Doll” é um dos melhores temas do novo álbum e a banda pareceu mais “quente” além de denotar maior confiança através da melhoria de som. Foi verdadeiramente o primeiro grande momento da noite e quando chegou “Answers”, de “Passion And Warfare”, parecia estar tudo encaminhado para finalmente podermos “seat back and enjoy”! Mesmo a ter que ouvir a péssima ideia de ter VAI a cantar “The Moon And I” foi suportável, afinal seguiu-se “The Animal” – para a AS o momento mais alto da noite, super riff completamente característico da personalidade de VAI, tremenda execução cheia de balanço – e a bela “Whispering A Prayer” antes de voltarmos à alquimia de “Passion And Warfare” com “The Audience Is Listening”. Esta segunda parte do set foi um autêntico guitar heaven!
Mas VAI, que diz adorar Lisboa, decidiu fazer cair o Carmo e a Trindade. Mais um solo, para nova muda de roupa, desta vez a harpista DEBORAH HENSON… não é nenhum desprazer ouvir músicos deste calibre demonstrarem a sua destreza, mas num concerto já de si instrumental é um pouco inócuo sucederem-se solos dos instrumentistas. Além disso, os set acústico, a terceira parte do concerto, só teve um momento realmente extraordinário – “Sisters”. O resto foi apenas normal, e esse é um nível insuficiente para elogiar STEVE VAI. Por mais que o número de stand up comedy com a caveira que fala e deita fumo possibilite uma ou duas risadas… a questão é estarmos na plateia dum concerto e não do “Saturday Night Live”.
Para preparar novo set, surge mais um momento solo, JEREMY COLSON na bateria. E então surge o Steve “Lo-tech Robot meets Daft Punk costumes” Vai em “Ultra Zone”. Mas a banda já está em modo piloto automático e logo a seguir a “Frank” é a vez do entediante número com dois elementos do público, que parecem ser os únicos a divertir-se. O ambiente está pouco propício à carga emocional necessária para fazer soar a emblemática “For The Love Of God”, mas é um tema obrigatório e é mantido o piloto automático, STEVE VAI esforçou-se, mas as musas tinham-no abandonado.
Antes da despedida definitiva, tempo para as últimas notas com “Taurus Bulba”. Para uns terá sido um grande concerto, para outros exceptuando 5 ou 6 grandes momentos foi um bom espectáculo.
SETLIST
- Racing the World
- Velorum
- Building the Church
- Tender Surrender
- Gravity Storm
- Weeping China Doll
- Answers
- The Moon and I
- The Animal
- Whispering a Prayer
- The Audience Is Listening
- Rescue Me or Bury Me
- Sisters
- Treasure Island
- Salamanders in the Sun
- Pusa Road
- The Ultra Zone
- Frank
- For the Love of God
- Taurus Bulba