De Ana Moura a Rodrigo Leão, A Nova Música Portuguesa Até ao Final de 2021
Os sinais de retoma surgem tímidos, mas consistentes e os artistas nacionais começam a confirmar as suas edições num calendário mais definitivo. Até ao final de 2021, vai chegar muita música portuguesa nova.
O futuro é agora ou ainda terá de aguardar mais um pouco? Importa fazer a pergunta, perto do final de um verão quase perdido, e à beira do último terço do ano começar. Os últimos 18 meses foram um teste à resistência à de todos: músicos, agentes, promotores, técnicos e jornalistas. Todos eles são necessários para formar a cadeia a que se chama de indústria musical. Dependemos uns dos outros, e ainda que a música seja, na sua génese, uma forma individual ou colectiva de expressão, chegar ao público envolve um conjunto de factores.
Num meio pequeno como é português, a impossibilidade total de realizar concertos ou festivais, ou medidas altamente restritivas como as dos últimos meses, condicionam não apenas o circuito de música ao vivo, como todo o ecossistema, sobretudo o editorial. Por isso, 2021 tem sido lento e soluçante. Ainda reina o impasse, mas a expectativa de retoma definitiva é mais optimista, agora que as máscaras começam a cair.
Dia após dia, as novidades vão gotejando. A Arte Sonora fez um apanhado dos álbuns e EP já confirmados até ao final do ano. Olhando para as letras grandes, o regresso de Ana Moura é talvez o mais aguardado, não apenas pela dimensão popular da fadista – a artista que mais vendeu na última década – mas também porque o álbum que deverá chegar entre Outubro e Novembro promete ser de reinvenção. Um renascimento artístico, inspirado quer pela autonomia criativa de Prince, quer pela alquimia entre o fado e linguagens da diáspora, em nome de uma portugalidade inclusiva e global. Os singles “Andorinhas” e “Jacarandá” são relevadores de uma anunciada ruptura com o passado, envolvendo também as antigas estruturas às quais esteve ligada: a editora Universal e a agência Sons em Trânsito.
E se falamos de popularidade e crédito, Rodrigo Leão é incontornável. “A Estranha Beleza da Vida”, um disco assumidamente esperançoso, chega a 15 de outubro. O diálogo entre pop e clássica mantém-se, tal como o hábito de convidar cantores para contar histórias. “Friend of a Friend” com a canadiana Michelle Gurevich, e “Who Can Resist”, com Kurt Wagner dos Lambchop, dão voz aos singles já revelados. “A Valsa da Petra” é o instrumental já conhecido.
Além de ser um histórico da indústria, Tozé Brito tem um lastro de centenas de canções como compositor. E dezenas de êxitos como as Doce, seguindo o modelo dos Abba. O compositor e executivo acabou de dizer “olá, então como vais?” à sétima década de vida e, na calha, está uma homenagem musicalmente dirigida por Benjamim e João Correia, interpretada por na Bacalhau, António Zambujo, B Fachada, Camané, Catarina Salinas, Joana Espadinha, Miguel Guedes, Mitó, Samuel Úria, Selma Uamusse, Rita Redshoes, Tiago Bettencourt e Tomás Wallenstein, além do próprio Benjamim.
Em Setembro, chega um dos álbuns rock mais ansiados dos últimos tempos. “Superinertia” dos barcelenses 10000 Russos tem edição internacional pela Fuzz Club Records, e uma digressão agendada entre final de setembro e final de outubro por países como Espanha, França, Inglaterra, Bélgica, Holanda, Alemanha, Polónia e Áustria. Estão confirmados o regresso do baterista e produtor Fred, em nome próprio, com um conjunto de versões do produtor Madlib, o disco inaugural dos Fogo Fogo “Fladu Fla”, com capa assinada por Vhils, a estreia em português dos The Happy Mess, apresentada pelos singles “Perder o Pé” e “Nadar de Costas”, um EP de whosputo, o EP “Aventurina” de Constança Quinteiro, e álbuns de Cristina Clara e Garcia.
O jazz português tenta acompanhar o fervor global e “Sub-Urbe” é uma das respostas possíveis. O álbum junta o rapper dos Dealema, Maze, ao músico e produtor portuense Azar Azar, ou seja Sérgio Alves, director musical da banda de Capicua, e já está disponível. Ainda este mês chegará um álbum de instrumentais do baterista, multi-instrumentista e produtor Fred, dedicado a Madlib. Por falar em jazz, em outubro, “Lost In Translation” do contrabaixista André Carvalho, e o colectivo L.U.M.E. são casos a ter em conta.
Talvez pelo aguardado e ansiado alívio das medidas restritivas, este parece ser o mês escolhido para alguns regressos com estatuto. Por exemplo, o de Pedro Tróia com o segundo álbum em nome individual. “Tinha de Ser Assim” é apresentado pelo dueto “Carrossel” com Rui Reininho, e chega no dia 15. Já o choque de partículas entre Saturnia e Um Corpo Estranho – “O Místico Orfeão Sónico de Um Corpo Estranho e Saturnia” – chega no dia 29. Para outubro, estão agendados novos longa-duração de Cassete Pirata, SAL (banda que nasce das cinzas dos Diabo na Cruz), Sensible Soccers, Soaked Lamb e Stereossauro. E as estreias em EP de Mimi Froes e Jéssica Pina, ambas pela Arraial.
Até ao final do ano, chegará um EP dos papercutz em Novembro. Na calha, estão aálbuns de Valter Lobo, Best Youth, Atalaia Airlines, Djodje e Grand Pulsar, assim como um novo single de André Henriques. Ficamos a aguardar por novidades prometidas de Legendary Tigerman, Linda Martini, Ana Bacalhau, Joana Espadinha, Ray (dos Poppers e Keep Razors Sharp), e JP Simões enquanto Bloom. E o segundo volume de “Irmão do Meio”, sucessor do “álbum de família” que garantiu o primeiro nº1 da tabela de vendas a Sérgio Godinho em 2003, será jackpot natalício?
10 de Setembro
10000 Russos – Superinertia
17 de Setembro
Fogo Fogo – Fladu Fla
24 de Setembro
Fred – Series Vol 1 “Madlib”
Sem data
Constança Quinteiro – Aventurina (EP)
Cristina Clara
Garcia
The Happy Mess
Whosputo
8 de Outubro
Mimi Froes (EP)
15 de Outubro
André Carvalho – Lost In Translation
Jéssica Pina (EP)
Pedro de Tróia – Tinha de Ser Assim
Rodrigo Leão – A Estranha Beleza da Vida
29 de Outubro
“O Místico Orfeão Sónico de Um Corpo Estranho e Saturnia”
Sem data
Cassete Pirata
L.U.M.E.
SAL
Sensible Soccers
Soaked Lamb
Stereossauro
Novembro
Papercutz (EP)
Dezembro
Best Youth