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Entrevistas com Mark Thwaite

Entrevistas com Mark Thwaite

Nero

Aproveitámos a vinda de Peter Murphy a Lisboa para conversar com um guitarrista que tem uma carreira impres­sionante. No seu currí­culo contam trabalhos, além de Peter Murphy, com os The Mission, com Paul Raven [falecido baixista famoso pelo seu trabalho nos Ministry], com Al Jourgensen [líder dos Ministry] e também com Tricky, entre muitos outros.

Como surgiu o patrocínio da Schecter?
Foi por volta do Outono de 2008 e a razão porque contactei com eles foi pela banda Mob Research, que fundei com o Paul Ra­ven (o baixista dos Ministry e Killing Joke). Eu estava a tocar com os The Mission e também com o Peter Murphy e usava Gi­bson Les Paul e o Paul estava sempre a dizer “tens que experimentar as Schecter, são fantásticas”. Mas nunca pensei nisso seriamente porque usei Gibson muitos anos. Depois de o Paul morrer, um dia estava a ver os emails dele e verifiquei novamente o que me dizia em relação à Schecter e na altura ouvi uma banda a tocar cujo guitarrista tinha uma Tempest branca, uma guitarra com estilo… e quan­do vi que era uma Schecter pensei: então era isto de que o Paul estava a falar! Entrei em contacto com o Michael, o patrão da Schecter, que era um amigo do Paul, e arranjaram-me aquele modelo branco da Tempest. E foi como começou e me apai­xonei por ela.

A Schecter, à partida, estará mais ligada ao universo do metal, tem uma sonori­dade espessa, é curioso usares com Peter Murphy…
Não é necessariamente algo que se asso­ciaria a Peter Murphy, no entanto, também está associada a coisas mais alternativas, como os The Cure – tanto o Robert Smith como o Porl Thompson usam Schecter – e há muitas analogias entre o som dos The Cure e som dos The Mission, e eu próprio trouxe algum som dos The Mission para o som do Peter, entre outras coisas. E os modelos que uso têm todos single coils, com os quais consegues aligeirar o som. Há muitas bandas de metal a usarem Schecter, mas também tens os Ministry, que são meio alternativo e industrial, os Misfits, Type O Negative, Nine Inch Nails, que não são necessariamente totalmente metal…

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Legenda de teste

© Stephanie Pick 

Estar ligado a uma marca será benéfico, mas não pode tornar-se também, de al­guma forma, limitativo?
Percebo perfeitamente o que queres dizer. Mas, por exemplo, o ano passado quis a Tempest e depois lançaram a Solo 6, com a forma duma Les Paul; pedi-lhes uma e enviaram-me uma goldtop, com os Sey­mour Duncan P-90’s, e é fantástica, sinto-me muito bem com ela, este sim é o meu modelo. E perguntava-me, tendo usado Les Paul tantos anos, se seria a mesma coisa, se sentiria falta disso. Na digres­são americana no Verão levei uma das minhas Les Paul favoritas, como backup, e quando tive um problema no switch de uma das Schecter usei a Gibson para o resto do set e senti-me da mesma forma. Quanto a sonoridades, se eu quiser ter o tom duma Fender ou duma Gretsch, a Schecter cobre muitas opções, têm mo­delos com o corpo de Stratocaster, das SG’s ou mesmo modelos de corpo oco (deram-me também um modelo destes), enfim penso que tem todas as sonorida­des e tonalidades disponíveis.

Qual é a amplificação que estás a usar?
Uso a bem britânica Laney, já há cerca de cinco anos. São da mesma zona que a Marshall, que se tornou uma marca mais reconhecida, que é a minha zona também – sou de Birmingham.

Eu sou como sou, pode haver alguns ajus­tamentos, mas eu tento chegar à minha interpretação e tento trazer algum rock.

Ser da terra dos Black Sabbath é “A” cena!
Sim! E adivinha o que o Tony Iommi usa? Laney! Eles têm amplificadores muito bons. Uso o VH100R, que é muito bom para o que faço com o Peter e para os Mission, porque tem sons limpos muito bons, quase como um Vox AC30, e depois os canais de crunch soam bem e quentes. Britânico, mas com um som moderno e cobre tudo o que preciso num amplifica­dor.

Recordando o teu trabalho com o Tri­cky, que equipamento usavas?
Na maior parte das gravações usei Mar­shall, em alguns momentos um Mesa, Dual Rectifier, e usei sempre muitos efei­tos, sempre usei muitos. De momento te­nho um Digitech, também tenho uma pe­dalboard bem composta, mas uso muito a Digitech GSP1101 (tem uma quantidade enorme de presets), mais um Digital De­lay, um MXR, a Digitech Whammy. Com o Tricky trabalhava muito isso, gosto de efeitos fortes e sons dramáticos. Era me­nos sobre o amplificador e mais sobre os efeitos.

Já estiveste envolvido em muitos pro­jectos e conseguiste sempre manter a tua identidade sonora…
Nos Mission, num minuto é pesado, mas no minuto seguinte… tem a ver com ex­perimentar diferentes sons. Com o Peter Murphy eu entrei como o guitarrista dos Mission, nunca tivemos essa discussão. Eu sou como sou, pode haver alguns ajus­tamentos, mas eu tento chegar à minha interpretação e tento trazer algum rock, porque um tema como “Cuts You Up” é muito pop, e ao vivo sou um bocado mais pesado….