Quantcast
The Cult, 35 Anos de “Electric”

The Cult, 35 Anos de “Electric”

Nuno Sarafa

Terceiro álbum da banda britânica foi uma espécie de parto difícil. A primeira versão, produzida por Steve Brown, chamava-se “Peace”, mas o som era muito polido e as fitas foram parar ao lixo. A edição que conhecemos tem dedo do mestre Rick Rubin, que na altura era mais conhecido por produzir discos de hip-hop.

Começaram por ser Southern Death Cult (1982-83), depois Death Cult (1983) e, finalmente, a partir de 13 de Janeiro de 1984, The Cult.

Em 1985, e depois do sucesso alcançado com “Love”, que vendeu mais de dois milhões de cópias, os Cult estavam em grande. A banda britânica largara os elementos pós-punk gótico da estreia [“Dreamtime” (1984)] e optara por um som mais rock psicadélico influenciado por bandas como The Doors.

A digressão que se lhe seguiu colocá-los-ia naturalmente numa espécie de pedestal. E, para o álbum que se avizinhava, era imperioso repetir o sucesso.

No Verão de 1986, Ian Astbury (voz e… pandeireta), Billy Duffy (guitarra), Jamie Stewart (baixo) e o “benjamin” Les Warner (bateria) juntaram-se ao produtor Steve Brown nos Manor Studios, em Oxfordshire, para gravar 12 faixas de um álbum com o título provisório de “Peace”.

Os problemas começaram quando a banda se mostrou insatisfeita com o som aparentemente muito polido de Steve Brown, que não captara para a fita a essência ao vivo do quarteto.

Resultado: as fitas foram para a gaveta e os Cult começaram a procurar alternativas. E é precisamente neste ponto que se dá a mudança na carreira da banda. A vertente sonora inglesa do grupo viria a sofrer uma metamorfose inspirada por sons de outras latitudes.

O Efeito Rick Rubin

Nova Iorque, 1987. Nesta altura, e apesar de ter origens na cena punk local, Rick Rubin era mais conhecido por produzir discos de hip-hop, com os Beastie Boys à cabeça. Mas Rubin também havia produzido os trashers Slayer (nomeadamente, o clássico “Reign in Blood”, de 1986) e ainda a seminal colaboração entre os Run-D.M.C. e os Aerosmith em “Walk This Way”, cuja sonoridade crua chamou a atenção da banda de Astubury e Duffy.

Os The Cult entraram então em contato com Rubin para remisturar o single “Love Removal Machine”, captado nas “Manor Sessions”. Mas reza a lenda que o produtor nova-iorquino sugeriu gravar o tema a partir do zero e, depois, fazer o mesmo às outras 11 canções – o que não terá deixado satisfeitos os gestores da editora Beggars Banquet, que já haviam gastado 250 mil libras com o sucessor de “Love”.

Nas sessões realizadas na Big Apple, e na hora de misturar “Love Removal Machine”, Rubin utilizou como referência bandas clássicas do hard rock como os AC/DC – a fórmula revelar-se-ia imbatível. Os The Cult estavam definitivamente convencidos.

“Love Removal Machine” foi lançado como single em Fevereiro de 1987, com um som totalmente diferente da versão inicial, e com a banda a optar por uma transformação em termos de imagem, optando por um visual motoqueiro, em mais um combo vencedor junto do grande público.

Os três primeiros temas do álbum viriam a dar razão à opção da banda por Rick Rubin. “Wild Flower”, “Peace Dog” e “Lil’ Devil”. Uma entrada verdadeiramente triunfal, hard rock orelhudo. Puro. E duro.

O disco, então já certeiramente rebaptizado de “Electric”, foi editado a 6 de Abril de 1987 e atingiu o número 4 no Reino Unido e o top 40 nos Estados Unidos, vaporizando assim o recorde obtido com “Love”. Ao todo, o disco vendeu aproximadamente três milhões de cópias em todo o globo. O resto é história.