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Foo Fighters

Wasting Light

Sony Music, 2011-04-12

EM LOOP
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Nero

2011 foi mais um ano em que a música contemporânea se definiu essencialmente em dois pilares, que de algum tempo a essa parte a vinham sustentando: um a capacidade de fusão, cada vez maior, de correntes debaixo de um só artista e numa procura de vanguardista – que será reflexo até da independência criativa que as novas tecnologias têm permitido aos músicos, a introspecção que daí emerge –; e por outro lado, a busca pelas raízes, pela essência do som, da música que se faz, e aí sentia-se um sentido retro em alguns discos ou uma maior ortodoxia pelos cânones musicais. A este respeito, as coisas não mudaram assim tanto.

Um exemplo perfeito dessa segunda abordagem foi o sétimo trabalho de estúdio dos Foo Fighters. Curioso e raro, “Wasting” Light” foi premiado com um Grammy (Best Rock Album), revelando assertividade da academia, sabemos que nem sempre é assim. A isso não é alheio este ser, provavelmente, o melhor álbum da carreira da banda.

Um disco que deve toda a sua sonoridade ao trabalho de Dave Grohl em muito mais do que apenas composição, mas também na forma como após o fim de Nirvana, começou este projecto como algo meramente teen rock americano, com airplay na MTV, e paralelamente foi labutando num sentido mais denso, através das desert sessions e nos álbuns de Queens Of The Stone Age, no underground com o projecto Probot ou em Them Crooked Vultures, etc.

Enfim, foi levantando uma cena através da sua imagem e fazendo esse público e sonoridade inicial de Foo Fighters amadurecer até a um resultado como este disco apresenta. Merece vénia tal tarefa hercúlea. Gravado em fita, com o produtor do clássico “Nevermind”, tudo neste disco procura o cânone, desde o equipamento analógico à força dos riffs de guitarra e ao tamanho do som de bateria.

Um disco que finalmente colocou a banda numa rota mais séria na galeria do rock. Continua a ser uma pena que o esforço de aproximação entre público jovem e rock clássico lhe exige o continue a afastar da bateria. No zénite da sua aclamação a banda iria misturar a digressão mundial com uma iniciativa absolutamente extraordinária, a realização de várias datas nas garagens de fãs.