Halloween @ Santiago Alquimista
2016-02-27, Santiago AlquimistaDe Odivelas até Lx, o flow de um velho G.
Uma festa no cimo da colina, no Bairro do Castelo, no Santiago Alquimista. Um carapuço a cobrir a cabeça, um palco cheio de gente e uma forte presença. De regresso a Lisboa para mais uma etapa da volta Norte/Sul do terceiro disco de originais, Híbrido. Allen Halloween fez do palco uma verdadeira “cena” de rua. Uma rua do seu bairro, do teu bairro ou de um bairro por aí. Com a distinção e a autenticidade que lhe são reconhecidas, a “bruxa” fez-se acompanhar por BUTS MC, LUCY e o Dj Nelassassin para em pouco mais de 1 hora (mais minuto, menos minuto) passar uma revista breve, mas essencial, sobre a sua discografia.
Foi cavernoso, misterioso e talentoso.
Sem bailarinas, bolas de espelho ou jogos de luzes. Durante toda a actuação Halloween foi igual a si próprio, o mesmo que dizer, foi cavernoso, misterioso e talentoso. Crú, directo e portentoso, de passo em passo pelas extremidades do palco (que a volta já vai longa) liderou um andamento que foi crescendo de canção em canção. No seu flow rouco e arrastado distribuiu o seu estilo “ropper” (como Allen diz… uma mistura de “rapper” e “rocker”), que tem tanto de melodioso e controlado, como tem de pesado e tresloucado. Entre novas e velhas canções, ouviram-se rimas de rap e refrões de grunge naquelas que são as suas influências de sempre. Soltaram-se ritmos, gritos e jogos de palavras que tiveram força, fúria e hostilidade em “Drunfos”, “Mr. Bullying” ou “Mary Bu”. Tiveram paz, harmonia e maturidade em “Bandido Velho”, “Marmita Boy” e “Youth”. E foi do single de apresentação de Híbrido que saiu o momento alto, a uma só voz ordenou-se… LIBERDADE!
Liberdade como aquela que Allen Halloween seja em género ou concepção, usa e abusa na desmistificação de ideias pré-concebidas. Realidade da vida que nos escreve e descreve desde os milagres de Mary Witch. Realidade da vida de quem passou muito tempo na rua, nem sempre boa, nem sempre justa. E no fim, no Santiago Alquimista ouviram-se histórias e boa música. Ouviu-se a “bruxa”.