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Moonspell, “Hermitage” Apresentado de Forma Triunfal e Transcendente

Moonspell, “Hermitage” Apresentado de Forma Triunfal e Transcendente

2021-06-19, Lisboa Ao Vivo
Nero
Inês Barrau
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No segundo dos concertos consecutivos que os Moonspell realizam no Lisboa ao Vivo, dedicado a “Hermitage”, a banda portuguesa teve uma actuação transcendente, transpondo exemplarmente o sentido conceptual do disco e a sua envolvência sonora e estética para o palco.

As coisas começam de modo semelhante à noite anterior. A sala está lotada. A lotação é limitada pelas medidas impostas pela DGS. A plateia, sentada e respeitosamente envergando máscaras, espera os primeiros sons dos Moonspell e do seu mais recente álbum, o aclamado “Hermitage” – motivo de longa conversa entre a AS e Fernando Ribeiro.

As luzes escurecem e Pedro Paixão sobe a palco para disparar as ondas de sintetização de “The Greater Good”. Desde logo, desde os primeiros versos deste tema, fica a sensação que Fernando Ribeiro terá poupado ou defendido a voz na noite anterior e hoje surge próximo do seu melhor. Ainda nas comparações directas com o concerto de 6ª feira (que também assistimos em streaming), o som também parece, desde o início, mais equilibrado, mais preenchido e envolvente. Pode ser uma sensação transmitida pelo sentido mais groove deste disco ou até, logo de seguida, do sentido mais rocker que nos é dado por “Common Prayers”.

O que se pode dizer, sem grande margem de erro, é que a banda adora este trabalho, está orgulhosa do que atingiu, e se preparou para o fazer soar no máximo do seu potencial nesta apresentação oficial. Ao vivo, os temas de “Hermitage” respeitam a sua matriz de estúdio. Afinal, o disco não é formatado, não vai ao encontro de um determinado gosto e isso era um dos requisitos da composição: não ser um disco sólido de heavy metal, mas um trabalho no qual a banda procurou usar de alguma simplicidade, fazer algo com menos camadas, menos espesso. «Onde procurou tirar o operático, tirar os convidados, tirar os vocais femininos e reduzir-se mais ao formato banda», dizia-nos Fernando Ribeiro na entrevista supracitada.

E se o encore da noite de “Irreligious”, no qual Pedro Paixão largou os sintetizadores pelas guitarras mostrou a versatilidade dos Moonspell, capazes de facilmente mudar de face, essa capacidade de funcionar num modo mais tradicional de banda, explorando ao máximo as expressões musicais de cada um dos elementos não podia ter ficado mais clara ao ouvir o terceiro tema da noite, “All Or Nothing”.

Quando chega o tema título do álbum, o som está bastante bom (ainda que permaneça com pouco volume no streaming). Com articulação nos detalhes da mistura, com bom recorte de pratos e guitarra, com potência no bombo e baixo, enfim, com um equilíbrio bastante apreciável. Ricardo Amorim reforça bem a voz de Fernando nos coros do refrão e soa no prego nos solos. A canção soa grande…

Os Moonspell mostraram dinâmicas instrumentais absolutamente luxuosas, trabalho de um conjunto de músicos no auge das suas capacidades.

Talvez “Hermitage” tenha sido o tema da noite, junto de “Entitlement”. Até por serem aqueles onde é evidente que, como fez, na altura, com “Sin”, a banda procurou uma vez mais reinventar-se, tlibertando-se de amarras e escrito as músicas de uma forma menos formatada, não olhando tanto às estruturas que os próprios Moonspell vinham a utilizar nos álbuns imediatamente anteriores. A rematar estas ideias surge “Solitarian”, na qual as dinâmicas instrumentais são absolutamente luxuosas, trabalho de um conjunto de músicos no auge das suas capacidades.

A sequência final do álbum e, consequentemente, do concerto transporta mais peso e maior densidade. Desde o imponente refrão de “The Hermit Saints”, o vibe de sintetizações do final dos 70s e inícios dos 80s e os marcantes contrastes vocais e de intensidades instrumentais de “Apoptheghmata”, e as aproximações estéticas aos Pink Floyd que tantos referem ao falar de “Hermitage” perfeitamente evidentes em “Without Rule”.

A surpresa “The Great Leap Forward” encerra a apresentação do mais recente álbum dos Moonspell, cuja conceptualidade a banda transpôs com mestria para palco. Não haverá bons concertos de rock e metal para se ver sentado mas, a ter que o fazer, este é uma experiência que não devem desdenhar. Se não estiveram na nova sala do Lisboa Ao Vivo, não hesitem em experimentar o concerto na Munin Live. O encore, menos intenso que o da noite anterior, transporta nostalgia com “Wolfshade (A Werewolf Masquerade)”, viaja pelos álbuns “Extinct” e “Night Eternal”, incluindo a estreia ao vivo de “Shadow Sun”. A noite encerra com essa espécia de “Fear Of The Dark” do metal português, “Alma Mater”.

A Munin.Live é uma plataforma internacional de Streaming de Concertos em Vídeo e Áudio de alta qualidade, criada por músicos pouco antes da pandemia. Esta Startup Norueguesa surgiu para permitir que qualquer pessoa pudesse ver artistas dos 4 cantos do planeta, sem investir em viagens, estadias e tempo, podendo ver artistas que normalmente não tocariam na Noruega. Com isto em mente a plataforma cresceu e expandiu-se para vários países e chegou agora ao nosso país. Podem descobrir mais sobre a Munin.Live no artigo exclusivo em que apresentámos a plataforma.

SETLIST

  • The Greater Good
  • Common Prayers
  • All or Nothing
  • Hermitage
  • Entitlement
  • Solitarian
  • The Hermit Saints
  • Apophthegmata
  • Without Rule
  • Great Leap Forward
  • City Quitter
  • Wolfshade (A Werewolf Masquerade)
  • Breathe (Until We Are No More)
  • Night Eternal
  • Shadow Sun
  • Alma Mater