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NOS Alive 2022: A Vigorosa e Breve Estreia dos Modest Mouse Em Portugal

NOS Alive 2022: A Vigorosa e Breve Estreia dos Modest Mouse Em Portugal

2022-07-06, NOS Alive, Lisboa
Miguel Grazina Barros
Inês Barrau
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Os Modest Mouse estrearam-se em Portugal no primeiro dia do festival NOS Alive perante uma pequena (mas dedicada) plateia.

Para descrever o som dos Modest Mouse há que conhecer primeiro os Pixies, os Talking Heads e especialmente os Pavement. A banda americana formada em 1992 moldou a sonoridade do indie no final dos anos 90, alcançando o sucesso nos seguintes anos com os álbuns “The Lonesome Crowded West” (1997), “The Moon and Antarctica” (2000) e “Good News for People Who Love Bad News” (2005). Em 2007, os Modest Mouse chegaram às tabelas com “We Were Dead Before the Ship Even Sank” (que inclui o lendário guitarrista Johnny Marr como membro temporário da banda) e ainda com “The Golden Casket” lançado em 2021. São donos de um indie rock muito diferente dos The Strokes, que tocariam mais tarde no palco principal – mais facilmente descritos como uma mistura de Flaming Lips com The White Stripes – embora só ouvindo se consegue perceber ao que estas aproximações se referem.

Indie rock com vocais gritantes e rasgados, Isaac Brock alterna entre a guitarra e o banjo como se nada fosse, canta com vigor e demonstra uma postura de quem merecia uma maior estreia em Portugal.

«Nunca tinha estado em Lisboa. Tinha muitas ideias sobre a cidade, e todas erradas», afirmou o frontman Isaac Brock – «Vocês devem ser muito saudáveis por subirem tantas colinas». Pelas 20h no palco Heineken esperava-se um concerto da cantora norte-americana Clairo (também uma antecipada estreia em Portugal) – porém não pode comparecer devido a um voo cancelado entre Milão e Lisboa, levando o festival a cancelar a sua atuação. Os Modest Mouse tinham concerto marcado à 1h da manhã no mesmo palco, no entanto o concerto foi antecipado para as 20h. Com esta decisão de última hora, era de esperar que os fãs menos atentos não se apercebessem da troca no lineup. Apesar de se apresentarem perante uma plateia meia-cheia, os espectadores que fizeram questão de marcar lugar na frente do concerto eram definidamente devotos seguidores.

“Dramamine” foi a primeira canção do conciso alinhamento, a linha de baixo protagonizada por Russell Higbee foi o suficiente para ser facilmente reconhecida. Depois, os harmónicos fantasmagóricos e cheios de vibrato da guitarra de Isaac. Por trás dos seis elementos da banda, um logótipo onde se lia “Modest Mouse” em cogumelos e cores vibrantes à la Grateful Dead ou Flaming Lips.

Indie rock com vocais gritantes e rasgados, Isaac Brock alterna entre a guitarra e o banjo como se nada fosse, canta com vigor e demonstra uma postura de quem merecia uma maior estreia em Portugal. As canções ao vivo são nostálgicas e viciantes, mas nunca enfadonhas. Em algumas canções a percussão não se ouvia no meio de todos os instrumentos que “comiam” todo o espectro sonoro. “Ocean Breathes Salty” é outro clássico de 2004 e consegue levar o público à euforia. No entanto (e previsivelmente), foi em “Float On” que o público mais vibrou, acompanhando o riff de guitarra com a voz. Isaac cola uma palheta na testa e canta para os pickups da guitarra, truques que nunca falham impressionar o público.

“Back to the Middle” do álbum de 2021 e “Tiny Cities Made Of Ashes”, de 2000, foram as duas últimas canções carregadas de um rock honesto e despretensioso, um final feliz de um concerto curto, mas eficaz. Gostaríamos certamente de os voltar a ver e ouvir em Portugal, desta vez em nome próprio.

SETLIST

  • Dramamine
    We Are Between
    Lampshades
    Paper Thin Walls
    Fire It Up
    Ocean Breathes Salty
    Bukowski
    Fuck Your Acid Trip
    Float On
    Dashboard
    Back To The Middle
    Tiny Cities