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IDLES, Joy As An Act of Resistance Rig Rundown

IDLES, Joy As An Act of Resistance Rig Rundown

António Maurício

Trocamos palavras com Joe Talbot e Mark Bowen dos IDLES sobre ideologias, trabalho de equipa, o novo álbum “Joy As An Act of Resistance” e todo o equipamento musical utilizado para o elaborar.

Os IDLES formaram-se no ano de 2012, em Bristol, no Sul de Inglaterra. Em 2017, o álbum “Brutalism” catapultou-os para uma maior exposição mediática. Foi o primeiro álbum editado e seguiu uma pequena colecção de EP’s de som caótico, agressivo e com humor. Carregados de energia instrumental e letras conscientes que reflectem e avaliam vários panoramas sociais, estes cinco rapazes ingleses pretendem gerar mudanças individuais e discussões abertas. No Primavera Sound, falámos com o Joe Talbot e com um dos guitarristas, Mark Bowen. Lê a entrevista e descobre todo o equipamento musical utilizado na elaboração do novo álbum, “Joy as an Act of Resistance”, o segundo álbum da banda editado a 31 de Agosto de 2018.

Podem detalhar um pouco o novo álbum, “Joy As An Act of Resistance“?
Joe Talbot: No início, durante o processo de composição, simplificámos. Queríamos utilizar este álbum como uma força de resistência, uma resistência contra a pressão do álbum anterior. Queríamos evoluir naturalmente. Simplificámos as nossas ideias e a música para que pudéssemos desfrutar da nossa própria música de forma total. Li a frase na internet e pensei que era uma ideia fantástica, “Joy As An Act of Resistance”. Na altura, como milhões de outras pessoas no mundo, sentia-me um pouco perdido politicamente. Individualmente estava perdido. Existia dor na vida das pessoas e na minha própria vida. Vi esse conceito como um acto sincero porque, realmente, respondo com positividade a circunstâncias de m*rda. Sempre o fiz. A minha mãe ensinou-me a reagir com alegria em momentos de sofrimento. Quisemos desenvolver as nossas ideias como uma resposta à nossa situação, enquanto povo britânico, enquanto humanos. Há muita coisa neste momento para perceber…

Qualquer acção muda o mundo, é o efeito borboleta…
Joe Talbot: Sim e existem muitas reacções e comportamentos negativos da esquerda no Reino Unido que não ajudam em nada. Precisamos de pensar positivamente e carregar energia positiva para as situações com uma mente aberta. Não podes mudar as ideias das pessoas ao atacá-las e a dizeres que «é estúpido» ou «é racista». Tens que ouvir e falar, dialogar. Todos os artistas têm o potencial para transformar o mundo. Mas não queremos estar obcecados pelo tamanho da nossa plataforma, estamos concentrados em criar pequenas mudanças, mudanças individuais e discussões. Nunca vamos ser os U2, mas o que podemos fazer é mudar ligeiramente a narrativa do que é ser um músico em 2018. Não queremos ter palcos enormes rodeados de grandes multidões, mas queremos falar e discutir com a nossa audiência e aprender coisas com outras pessoas e com nós próprios.

Existem influências musicais que vos levaram a trilhar este caminho?
Joe Talbot: Recentemente, Grayson Perry, um artista britânico, tem sido uma enorme influência na forma como escrevo sobre as coisas.

Mark Bowen: Existem muitas bandas por aí que tiveram impacto em nós. Vês uma banda ao vivo e agarras em coisas que eles fazem, especialmente quando começas a fazer por ti mesmo e começas a notar essas cenas… Aprendemos imenso no segundo álbum a funcionar enquanto banda, em vez do conteúdo lírico apenas. Vimos outras bandas a tocar ao vivo, bandas que conseguiam ter um som maior e com maior impacto através de uma ressonância entre cada um, porque se ouviam. Fazemos isso agora. Podes definitivamente ouvir neste álbum que as guitarras estão a tomar atenção ao que cada uma está a fazer e estão a respeitar-se mutuamente, enquanto que no álbum anterior só estávamos à procura de nós próprios. Existia um bocado de ego e agora perdemos um pouco desse ego.

PUNK?

O vosso som é super agressivo, mas as vossas letras incentivam bom comportamento. Gostam do tag punk positivo” na vossa música?
Joe Talbot: Não somos uma banda punk. Temos muitas influências musicais, não é só punk.

Numa primeira audição talvez seja essa a ideia imediata…
Joe Talbot: Sim e isso não tem problema. Tu é que mandas em nós, não mandamos em nós próprios. Somos todos “nós”. O que  nos quiseres chamares, somos isso. Não nos importamos. Em casa não digo que «sou um gajo punk», porque não o sou. Isso é uma coisa para o nosso público perceber a nossa música. Mas não somos uma banda punk, somos os IDLES e estamos sempre a aprender, a mudar e a evoluir.

A única coisa que queremos destruir é a distância entre as pessoas.

Mark Bowen: O punk do Reino Unido não é muito a nossa cena. Há um comportamento irresponsável e uma atitude juvenil que nós não temos. Já temos 30 anos. A estigmatização de ser uma banda punk pode ser destructiva. A cena positiva que referiste está definitivamente lá, mas no nosso som é basicamente uma catarse. Neste novo álbum há mais intercâmbio e dinâmica de acordes maiores e um olhar mais positivo sobre a música. Ainda precisamos da catarse, do obscuro, da agressividade e de tocar nas cenas com força, é um óptimo sentimento em palco e sentimos que é muito positivo. Acabámos de sair agora do palco e sinto-me eufórico [a banda acabara de actuar no Primavera Sound, no Porto]. É uma excelente libertação, é uma coisa mesmo positiva e queremos tentar alargar a nossa música ao nosso comportamento fora de palco e mostrar que não é esta energia agressiva e negativa que queremos transmitir. Ser forte e agressivo pode ser uma coisa positiva.

Joe Talbot: É como se fosse uma metáfora, mas também uma realidade. A única coisa que queremos destruir é a distância entre as pessoas. Queremos criar uma comunidade, queremos esmagar a ideia de “nós e eles” e fazer isso com violência… O som e a energia da nossa música é uma coisa violenta, mas com positividade, por isso devia encorajar as pessoas a juntarem-se.

Ver-vos tocar ao vivo é exaustivo. Qual é o segredo para a energia infinita?
Joe Talbot: Sobriedade.

É uma atitude recente?
Joe Talbot: Sim, estou sóbrio há quatro meses. O Lee está há seis anos. Adoramos, é a melhor coisa do mundo. Mesmo quando andava a beber, era o mesmo no palco… Chegámos aqui ao acolher o presente e ao ter consciência do facto que ser um artista e ter uma plataforma é um privilégio. Trabalhámos arduamente para tudo. Se não trabalhares és um ingrato. Isto tudo mudou as nossas vidas, por isso cada espectáculo é mágico.

NOISE & AMPS

Que equipamento se destacou na gravação do novo álbum?
Mark Bowen: Eu, o Lee [Kiernan] e o Adam [Devonshire] usamos guitarras Fender e, especialmente neste álbum, começamos a usar imensos pedais de efeitos. No último álbum, a paleta estava muito defina pelos pedais que tínhamos, era um pouco limitada. Havia um DigiTech Whammy, um reverb SuperEcho, um pedal Hot Fuzz e era isso! Neste novo álbum utilizámos muitos pedais Death By AudioEarthQuaker Devices, muitos fuzz. Eu e o Lee somos muitos interessados nesta coisa moderna em que pegas num sinal que é tradicional e estragas aquilo tudo para criar um som super estranho. Os Death By Audio são os melhores para isso, porque tens um pedal que se comporta de modo conveniente, mas de vez em quando com a configuração exactamente igual, se tocares na guitarra com um bocadinho mais de força, é a loucura. Também usámos muitos mais amplificadores. Fomos muito mais concisos, porque nos sentávamos na sala e pensávamos sobre a música antes de a tocarmos e percebíamos as diferenças subtis no amplificador. Depois gravámos em live take. Não foi overdub atrás de overdub e «vamos agrupar 100 guitarras nesta parte». Não somos assim.

Joe Talbot: Muitas músicas neste álbum foram gravadas em um único take.

A maior diferença entre o álbum anterior e este álbum são as guitarras muito mais concisas.

Mark Bowen: É tudo sobre o desenvolvimento anterior e, como disse, ouvir os outros. Enquanto estávamos sentados na sala, eu e o Lee ligávamos os nossos sinais de guitarra separadamente, depois ouvíamos como é que soavam em conjunto e só depois é que gravávamos. Essa é a maior diferença entre o álbum anterior e este álbum, as guitarras. São muito mais concisas e beneficiam muito da forma como foram gravadas. Foi a primeira vez que usamos amplificadores solid state. O Lee usou um muito antigo da Peavey e eu usei um Jazz Chorus dos anos 70.

Pedais favoritos?
Mark Bowen: Tinha dois pedais antes de irmos para o estúdio, o Death By Audio Echo Dream 2 e o Death By Audio Reverberation Machine. Literalmente, só os utilizei para que pudessem entrar no álbum [risos], mesmo que não tenha beneficiado a música de qualquer forma.

Joe Talbot: Ele tentou meter o Acapulco Gold em tudo!

Mark Bowen: Sim! O Acapulco Gold está por todo o lado, é da EarthQuaker. É como se fosse uma versão de um amp Sunn, é fantástico!

LISTA DE GEAR COMPLETA (ESTÚDIO)

Jon Beavis | British Drum Company Legend Series Scandinavian Birch [22″ Bombo; 16″ Timbalão de Chão; 12″ Timbalão]. Ludwig Brass Hammered Snare Drum 16×14.5. Pratos Zildjian [21″ Crash Ride; 20″ A Custom Crash; 17″ K Custom Crash; 14″ New Beat Hi-Hats]. DW 5000 Pedal de bombo.

Lee Kiernan Supro Royal Reverb 2×10; 70s Peavey Pacer 1×12. Fender Esquire c/ Mojo Broadcaster (pickup ponte); Fender Duo Sonic; Danelectro 12-cordas. 70s Hammond; Harmonium (muito antigo, sem certeza de data).

Mark Bowen | Hiwatt Custom 50 SA212; Roland Jazz Chorus JC-120. 1972 Fender Stratocaster c/ Bare Knuckle Irish Tour Pickup; 1971 Fender Musicmaster.

Pedais (Guitarras) | Boss Chromatic Tuner TU-3; EarthQuaker Devices Organizer; EarthQuaker Devices Data Corupter; Fairfield Circuitry Unpleasent Surprise; EarthQuaker Devices Grey Channel; JHS Colour Box; Xotic USA EP Booster; Electro-Harmonix The Worm; Maxx Chorus; EarthQuaker Devices Disaster Transport SR; MXR Smart Gate; Deviever FX Noise Floor; ZVEX Super Duper; Death By Audio Echo Dream 2; ZVEX Instant Lo-Fi Junky; Death By Audio Waveformer Destroyer; MXR Micro Amp; EarthQuaker Devices Acapulco Gold; DigiTech Whammy; TC Electronic Polytune; Death By Audio Reverberation Machine; Electroharmonix POG2; Portatech Duo 828 Shaftsbilly Type “C”; Boss RE-20 Space Echo; Blackout Effectors Fix’d Fuzz; Moog MF Minifooger MF Delay.

Adam Devonshire | Orange Rockverb 50 & Orange OBC 2X12; Fender Bassman 800 & Ampeg classic 4×12. Fender Jazz Bass Standard Mexican c/ pickups Seymour Duncan Quarter Pound.

Pedais (Baixo) | Electro Harmonix POG2; Echopark F2 Dual Stage Silicon Fuzz; Dark Glass BK3 Overdrive; Tech 21 SansAmp Bass Driver DI Pre-Amp.