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Appetite For Destruction, Rei Sleazy

Appetite For Destruction, Rei Sleazy

Nero

Um barril de pólvora. O rei dos álbuns sleazy. “Appetite For Destruction”, o disco de estreia dos Guns N’ Roses, foi editado a 21 de Julho de 1987.

Um dos álbuns de estreia de maior sucesso de sempre em aclamação crítica e vendas (mantendo-se como o álbum de estreia mais vendido de sempre nos EUA, além de somar mais de 30 milhões de cópias em todo o mundo), que continua ainda hoje a bater recordes comerciais.

A 29 de Junho do ano passado, os Guns N’ Roses reeditaram o seu álbum de estreia. “Lock N’ Loaded” surgiu em vários formatos especiais que revelam vários extras, com destaque para o reabilitado “Shadow Of Your Love”, tema pré-histórico dos gunners que, sendo amplamente conhecido, nunca teve edição oficial.

“Appetite For Destruction” não tem uma música má. Toda a gente o conhece e sabe de cor duas ou três canções – “Sweet Child O’ Mine” é considerada uma das melhores canções de sempre, em várias listas, e Slash nem sequer gostava da canção e da introdução de guitarra, que surgiu por acidente e se tornou uma das frases musicais mais conhecidas no mundo.

Além disso, as sessões de “Appetite For Destruction” foram, ao jeito dos Guns, uma espécie daquilo que Headley Grange foi para os Led Zeppelin, , tendo ainda aí surgido (colocadas de lado no alinhamento final) várias composições da banda, como a épica “Civil War”, as pedradas “You Could Be Mine” ou“Back Off Bitch”, além de um esboço, ainda sem a magnitude orquestral, de “November Rain” (a banda considerou que, além de “Sweet Child O’ Mine, seriam baladas a mais no disco). Foi até totalmente descartado esse malhão que é “Shadow Of Your Love”.

O som de guitarra do disco tornou-se quase tão icónico como a banda. Quando iniciaram as sessões, Slash usava uma Jackson. Ao trocar as cordas (cortou-as de uma vez) o braço sofreu um choque da libertação da tensão e nunca mais conseguiu aguentar a afinação. Então, o manager da banda à época, Alan Niven, comprou a famosa réplica de uma Les Paul ‘59, construída Kris Derring, equipada com PUs Seymour Duncan Alnico II e o guitarrista nunca mais a largou.

Para amplificá-la usou um Marshall alugado. «Era um Super Lead de ‘59, dos anos 60. Foi modificado para uma combinação de um JCM com um SL. Foi modificado antes de o alugar, depois de o alugar tentei roubá-lo [risos]», recorda o guitarrista. Essas duas peças lendárias, por sua vez,  também têm sido alvos de réplicas. Estão um pouco fora de orçamento? É normal, material premium tem esse “defeito”. Contudo, em 2014, a Epiphone lembrou-se de músicos que estão a começar a dar os primeiros toques e apresentou alguns produtos que podem colmatar essa ânsia, como o AFD Performance Pack.

O álbum vive de um turbilhão de emoções numa tempestade de fogo, electricidade e espírito marginal. O sitz im leben de “Appetite For Destruction” é o que torna o álbum único e irrepetível. Um álbum escrito por rufias das sarjetas de Los Angeles, uma cidade que estava no seu auge de luxúria na década de 80. Fala-se na produção de um filme a retratar essa época, em que cinco putos irascíveis gastavam cada dólar que conseguiam em bourbon e vinho rasca (“Nightrain” presta homenagem a uma dessas zurrapas), cocaína e heroína.

Vadios que dormiam na garagem onde ensaiavam ou em casa de strippers ou actrizes porno atraídas por aquela ferocidade juvenil. Esses rufias ascenderam ao trono de LA e da indústria musical, ao paraíso. O verdadeiro rock ‘n’ roll dream.